Nazaré e Castanheira de Pera cooperam para manutenção de tradições
Os barretes dos pescadores são feitos em Castanheira de Pera e aquela autarquia pretende cercar-se dos meios para preservar a memória identitária
As Câmara de Castanheira de Pera e da Nazaré irão colaborar na preservação de um acessório que é uma das imagens de marca do traje tradicional masculino nazareno: o barrete preto.
“O nosso objetivo é divulgar o saber fazer e promover esse património por forma a que se mantenha por muito tempo. Vir à Nazaré, e ter este acolhimento, é muito importante. Queremos juntar o saber fazer com a utilização e os costumes”, explicou António Henriques.
É em Castanheira de Pera que ainda se fazem os barretes dos campinos e dos pescadores, e o autarca daquele concelho, anda a fazer uma ronda de contactos com autarquias, onde este acessório é uma imagem de marca dos trajes tradicionais, para estabelecer parcerias que preservem o “saber fazer” de um território, onde durante décadas se viveu da indústria de lanifícios, que entrou em declínio depois de 1980, levando ao encerramento de várias fábricas.
“O barrete tem um papel fundamental na vida e história do traje da Nazaré. Teremos esta parceria, ainda sem uma amplitude definida, o que acontecerá a breve prazo, integrada num movimento com mais localidades onde ele se usa,” disse Walter Chicharro, Presidente da Câmara da Nazaré.
Atualmente, apenas a oficina de José Augusto Tavares (Jotav) prepara a lã para a confeção dos tradicionais barretes que os ranchos folclóricos e grupos de forcados utilizam.
Para assegurar a preservação da tradição, a Câmara de Castanheira de Pera pretende que o fabrico do barrete de lã seja incluído no inventário nacional de património imaterial. Para além dessa classificação, anunciou em 2022 a pretensão de criar o Museu do Barrete, que será instalado numa antiga fábrica (em Sarnadas), propriedade da autarquia. Ambas visam preservar a memória do passado recente do concelho e criar um produto turístico.
Esta marca identitária, ainda muito usada na Nazaré pelos ranchos e em períodos festivos, como as procissões ou o carnaval, serviu, noutros tempos, de agasalho, e de algibeira para o tabaco, fósforos/isqueiro e dinheiro.
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