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Apresentação do Livro Barcos e artes de pesca nas costas da Nazaré e de S. Martinho, entre o século XVIII e 1930
Mascarenhas, José Manuel de; Maduro, António Valério, Barcos e artes de pesca nas costas da Nazaré e de S. Martinho, entre o século XVIII e 1930, Leiria, Hora de Ler, 2022.
Poucas informações existem, no atual estado do conhecimento, sobre as características tipológicas dos barcos e artes de pesca da costa dos Coutos de Alcobaça, no que respeita especialmente ao século XVIII e primeira metade do seguinte. Por tal razão, este estudo sinóptico apoiou-se principalmente nas informações iconográficas disponíveis, nomeadamente das obras de João de Souza (1785) e António Baldaque da Silva (1891), sem descurar as limitações conceptuais que incidem sobre o primeiro destes autores. Foi sobretudo entre finais do século XIX e a primeira metade do século seguinte que se pôde assistir a uma significativa evolução morfológica e tecnológica das embarcações e artes, com particular realce para a introdução da propulsão mecânica (a vapor e a explosão).
A transição do século XIX para o século XX transportou um conjunto de novidades que alteraram substancialmente a atividade da pesca. Verifica-se, ao longo deste curto período temporal, uma intensificação da exploração dos recursos marinhos, com a introdução de novas artes destinadas essencialmente à captura dos cardumes de sardinha na praia da Nazaré. Produzem-se para isso novas embarcações e aperfeiçoam-se as existentes, tornando-as mais robustas, seguras, iniciando-se a motorização, e multiplica-se o número de homens e mulheres que fazem da exploração dos frutos do mar toda a sua vida.
Para responder às crescentes necessidades de capital reforça-se o associativismo, com a emergência de sociedades e parcerias de pesca. A relação dos quinhões entre os associados não deixa de ser reveladora da diferenciação socioeconómica e de uma afirmação gradual do modelo capitalista de produção. Constituem-se, assim, as elites de empresários da pesca que passam a liderar a gestão social das novas empresas de tipo mais ou menos cooperativo.
O exercício da pesca como uma prática de autossubsistência começa a ser preterido por um modelo que privilegia o lucro, assistindo-se, de facto, à soberania do mercado, o que é acompanhado por uma viva e expressiva modernização da atividade.
Para responder ao acréscimo de pescado constituem-se indústrias conserveiras, iniciativa empresarial que conta com muitos industriais nacionais provenientes de outras costas marítimas, assim como sociedades que se dedicam à exportação de pescado. Outro filão de negócio repousa nos adubos orgânicos, as novas indústrias passam a recuperar os desperdícios da atividade de pesca e graças a estes fertilizantes incrementa-se a lavoura, nomeadamente de regadio, num tempo em que os adubos químicos eram escassos e dispendiosos.
Assistimos, então, neste novo olhar que propomos, a uma reconfiguração da relação da sociedade com os recursos do mar de uma forma que se pretende mais moderna e logo menos sustentável, ao desenvolvimento de dinâmicas sociais e empresariais rumo a um modelo estruturado de negócio, um novo figurino socioeconómico que irá, por algum tempo, determinar a vida dos homens e mulheres da praia.
15h30
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