Requalificação do Museu Dr. Joaquim Manso arranca em novembro
O investimento total na requalificação do espaço será de 1,1 milhões de euros
A assinatura do contrato de adjudicação da empreitada de Requalificação do Museu Dr. Joaquim Manso, entre a Direção Regional de Cultura do Centro e a empresa Revivis aconteceu ontem, numa cerimónia que teve lugar no Palácio Real da Confraria de N. S. Nazaré.
Com o prazo de execução de 12 meses, as obras deverão iniciar-se já em novembro e irão dotar o edifício de condições de segurança, salubridade e conforto.
A Diretora Regional de Cultura do Centro (DRCC), Susana Menezes, dissesse honrada com a cerimónia “tão especial que marca simbolicamente o início de uma nova fase na história do nosso museu. Este não poderia ser um dia mais feliz”.
“A nossa caminhada de luta por este Museu começou em 2019, quando fui confrontada com a realidade das condições existentes quer do ponto de vista da conservação do edifício quer da conservação das suas coleções e das condições de trabalho desta nossa equipa”, explicou.
Susana Menezes recusou sempre “qualquer solução de mero remendo cosmético”, porque o “nosso esforço deveria ser exclusivamente encontrar os meios adequados para realizar uma requalificação desta emblemática instituição museológica, devolvendo-lhe a dignidade que o seu legado nos merece.”
Após o diagnóstico ao Museu, preparou-se, entre 2019 e 2020, um conjunto de projetos com o objetivo de se realizar a requalificação do edificado, desenvolver um novo programa museológico e um novo projeto museográfico. Em 2020 foi elaborada e apresentada a candidatura ao Aviso de Financiamento “Desenvolvimento Local através da salvaguarda e revitalização do património cultural costeiro”, que estava a ser promovido pelo mecanismo de financiamento EEA Grants. “Em 2021 fomos informados que a candidatura não seria aprovada”.
Em sede de audiência prévia, a direção regional apresentou uma longa reclamação, mas a decisão de indeferimento manteve-se.
“Iniciámos em 2021 um novo processo negocial para a obtenção de financiamento para este projeto, que culmina com a inscrição da verba necessária no OE para 2022. E eis-nos chegados ao dia em que assinamos o contrato de adjudicação da empreitada de Requalificação do Museu Dr. Joaquim Manso à empresa Revivis, que irá executar uma obra no valor de quase 750 mil euros, paga integralmente pelo orçamento da DRCC”.
A intervenção contempla a substituição do telhado, isolamento térmico, manutenção do revestimento em telha cerâmica e a revisão de todas as condutas das águas pluviais, um dos problemas críticos deste edifício, reboco e pintura das fachadas e tratamento de todas as zonas com armaduras à vista. As caixilharias vão ser substituídas, prevendo-se, ainda, a colocação de portadas interiores em madeira para garantir níveis de segurança e sombreamento adequados.
No interior do edifício, o projeto define-se em três grandes áreas: a do piso inferior onde irá surgir a nova receção, a loja do museu, os gabinetes de trabalho, as reservas e o centro de documentação e biblioteca. O piso superior passará a acolher todas as exposições de longa duração do museu e, finamente, as águas furtadas, atualmente sem utilização, irão albergar o serviço de mediação cultural, sendo, paralelamente, asseguradas as acessibilidades a todo o edifício, com a colocação de um elevador.
A somar ao valor da obra deste edifício “temos, ainda, em marcha o desenvolvimento de um novo projeto de museografia, que vai desenhar e implementar as novas exposições no Museu, mais uma importante verba para a conservação e restauro de todo o acervo do Museu, que necessita de uma intervenção urgente. Paralelamente, vamos ainda adquirir mobiliário técnico para as reservas do museu e o necessário para o funcionamento do serviço educativo, centro de documentação e biblioteca, e dos gabinetes de trabalho”.
No exterior será reconstruído o muro, que colapsou, e reconfigurados alguns canteiros em mau estado.
“No total, o projeto de requalificação do MDJM ficará em 1 milhão e 100 mil euros. Tudo isto significa que no final do próximo ano, esperamos nós, o Museu, volta a ser aquilo que nunca deveria ter deixado de ser, uma instituição de carácter permanente, que assegura um destino unitário a um conjunto de bens culturais, que os valoriza através da investigação, do inventário, da conservação, da interpretação, da exposição, da divulgação, facultando um acesso regular e fomentando a democratização da cultura. Esta é a verdadeira missão que este museu precisa de cumprir e para o poder fazer precisava de chegar a este dia”.
Susana Menezes considera que o longo caminho percorrido pretendeu “trazer-nos até aqui, ao dia em que o Museu entra finalmente em obras, ao dia em que as coleções serão alvo de restauro, em que as novas exposições vão contar a história da vida e identidade da Nazaré, da sua ligação com o mar, em que o museu se volta a cumprir na sua missão cultural, científica e pedagógica.”
Por sua vez, a Diretora do Museu, Nicole Costa, classificou o momento de “um dia de felicidade”.
“É um dia em que se começa a trazer à luz um sonho partilhado há muitos anos e que graças ao empenho da Direção Regional de Cultura do Centro começa a tornar-se realidade”.
Para a diretora do Museu, o espaço “carece não só de um novo espaço físico, como de uma nova exposição que possa vir a conectar os que fizeram esta instituição e os que a fazem hoje.”
Manuel Sequeira, Vice-Presidente da Câmara, com o Pelouro da Cultura, disse ser “gratificante estar num ato tão importante”.
“Este momento é primeiro de outros tendentes à satisfação do desejo que todos os nazarenos anseiam, ver o seu Museu aberto, e dar-lhe a dignidade que ele terá perdido fruto da degradação que tem sofrido. Naquele espaço está espelhada toda a nossa vivência, toda a história da nossa população. Para chegar aqui foi preciso calcorrear imenso e contar sempre com a disponibilidade da DRCC”.
A antiga casa de veraneio do Dr. Joaquim Manso, amigo de Amadeu Gaudêncio, a quem vendeu o edifício, que, posteriormente o doaria ao Estado para a constituição do Museu da Nazaré, o que aconteceu em 1968, encontra-se bastante degradada, tendo o acervo sido transferido para locais onde se assegure a sua preservação.
“É a partir deste momento que damos a volta à situação, e em que entra em ação a DRCC, que desde cedo diligenciou e nos ajudou a resolver um problema que tínhamos. É chegado o momento de lançarmos mãos à obra. Vamos voltar a dar vida às nossas gentes, vamos voltar a dar vida à vida das nossas vidas com a requalificação do nosso Museu,” disse Manuel Sequeira.